A logística deixou de ser apenas uma área operacional e passou a ser uma fonte estratégica de vantagem competitiva. E para ser estratégica, precisa ser guiada por dados e não por achismo ou experiência isolada. Desde o momento em que um pedido é feito até a entrega ao cliente, milhares de dados são gerados, atualizados e cruzados. Ignorar essas informações é como dirigir com os olhos vendados: você até pode chegar ao destino, mas o risco de bater no caminho é grande. Mas afinal, quais dados realmente fazem a diferença no dia a dia? Veremos neste artigo como utilizar os milhares de dados que são gerados na operação diariamente a seu favor, mostrando quais informações merecem sua atenção e como usá-las para tomar decisões mais inteligentes e eficientes.

🔍 Dados de pedidos e clientes

Vamos começar pelo óbvio: o que está sendo vendido, para quem e em qual quantidade. Isso parece simples, mas nem sempre é bem explorado. Informações como perfil de compra dos clientes, produtos mais vendidos por região e sazonalidades são peças-chave para planejar estoques, montar rotas e evitar desperdícios. Pense em uma pizzaria: se você sabe que todo domingo à noite o bairro X consome mais calabresa do que qualquer outro sabor, faz sentido estocar mais ingredientes específicos para essa demanda. O nome disso é previsão de demanda: você prepara a sua operação para as particularidades de consumo que determinados itens podem ter, e isso só é possível se você possui dados históricos e bem organizados para entender como a sua operação se comporta.

📈 Indicadores de desempenho logístico (os famosos KPIs)

Tempo médio de entrega, taxa de entregas no prazo, nível de avarias, índice de devoluções, custo por entrega… todos esses são dados que contam histórias. Se o tempo médio de entrega aumentou, o que mudou? Se as devoluções cresceram, será que o produto está chegando quebrado, ou foi erro no picking? Esses indicadores são como os exames de rotina de uma operação. Sem eles, qualquer decisão vira chute, mas com eles, é possível atacar o problema certo, na intensidade certa. Em 2023, uma pesquisa da Associação Brasileira de Logística apontou que 74% das empresas que monitoram KPIs com frequência conseguem reduzir custos operacionais de forma consistente.

🛣️ Dados de roteirização e transporte

Aqui mora uma das maiores oportunidades de ganho: saber por onde os veículos estão passando, o tempo que gastam nas paradas, a ordem de entrega ideal e o consumo de combustível por rota pode transformar o custo da operação. Imagine um entregador que sai de casa para visitar 10 amigos. Se ele planejar a ordem errada, pode acabar cruzando a cidade várias vezes sem necessidade. Agora, se ele ordenar as visitas de forma lógica, economiza tempo, gasolina e cansaço. É exatamente isso que uma roteirização inteligente faz na logística, e como comentamos neste artigo, o erro pode estar na forma como a sua roteirização está sendo construída.

📍 Dados de geolocalização e cobertura

Compreender onde estão seus clientes, suas lojas, seus centros de distribuição e até seus concorrentes pode abrir novos caminhos. Cruzar dados geográficos com dados de venda permite, por exemplo, identificar regiões mal atendidas ou com alto potencial de crescimento. É o caso de redes de farmácias que perceberam que, em bairros com grande número de idosos, a frequência de pedidos com entrega expressa era muito maior. Resultado: criaram mini hubs locais para reduzir o tempo e o custo de entrega. Para isso, ter um processo responsável pelo geocoding agiliza consideravelmente a interpretação destes dados.

🏭 Dados de estoque e armazenagem

Estoque parado é dinheiro parado, e estoque mal distribuído é prejuízo garantido. Dados sobre níveis de estoque por produto, giro de mercadoria, datas de vencimento e ocupação do armazém ajudam a evitar tanto a falta quanto o excesso, garantindo um gerenciamento eficiente do estoque. Um estudo da McKinsey mostrou que empresas com controle automatizado de estoque têm, em média, 20% menos capital imobilizado em mercadorias e 35% menos perdas por vencimento ou obsolescência.

💬 Dados de feedback e satisfação do cliente

Por fim, o termômetro mais honesto de qualquer operação: o cliente. Analisar o que ele está dizendo sobre a entrega, sobre o produto e sobre o atendimento é uma fonte rica de insights. Em tempos de redes sociais e avaliações públicas, deixar de acompanhar isso é um erro. Uma simples análise de comentários pode revelar gargalos invisíveis à operação interna, como atrasos causados por parceiros logísticos ou falhas recorrentes na embalagem.

Dados não faltam. O que falta, muitas vezes, é saber o que olhar.

A lógica aqui não é sair coletando tudo de forma desenfreada, pois o excesso de dados sem análise é como uma planilha cheia de números que ninguém lê. Por isso, tão importante quanto coletar, é transformar esses dados em decisões práticas. Se você tem dúvidas sobre onde investir, o que otimizar ou qual estratégia seguir, os dados certos vão apontar o caminho. E na logística, onde cada minuto e cada metro contam, isso faz toda a diferença.