Quando você acompanha a entrega de um pedido online e visualiza atualizações como “em rota de entrega” ou “destinatário ausente”, pode não imaginar que, por trás dessas mensagens existe um sistema altamente estruturado de comunicação logística que pode estar sustentado por padrões como o PROCEDA e o OCOREN, que facilitam a integração entre transportadoras, embarcadores e clientes. Mas afinal, o que significam essas siglas e por que são tão relevantes para a logística brasileira?
🔎 O que é o PROCEDA?
O PROCEDA (Processamento Eletrônico de Dados) é um padrão criado com o objetivo de padronizar a troca de informações eletrônicas entre embarcadores e transportadoras.
Apesar de não ser obrigatório, ele funciona como uma sugestão de boas práticas que foi sendo adotada ao longo dos anos, justamente porque trouxe ganhos claros em eficiência e redução de custos de integração. Sem o PROCEDA, cada transportadora teria um formato distinto de receber informações, exigindo múltiplas integrações. Com o padrão, os dados são transmitidos em uma estrutura única e compreensível para todos, funcionando como um “tradutor logístico”, permitindo que diferentes sistemas conversem na mesma linguagem.
📦 O que é o OCOREN?
O OCOREN (Ocorrências de Transporte) complementa o PROCEDA ao padronizar a forma como os eventos do transporte são reportados.
Assim como o PROCEDA, o OCOREN não é imposto por lei. Ele surgiu como um consenso de mercado, uma prática sugerida para que transportadoras e clientes falassem a mesma língua, já que muitas empresas perceberam que adotar o OCOREN tornava o processo mais ágil e transparente, e por isso ele acabou se espalhando. Quando o cliente visualiza no rastreamento “tentativa de entrega não realizada – destinatário ausente”, essa informação pode ter sido registrada pela transportadora utilizando um código OCOREN. Assim, independentemente da empresa responsável pela entrega, a mensagem é padronizada e de fácil compreensão.
🔗 Integrações entre sistemas
Um dos maiores desafios da logística moderna é a integração entre diferentes sistemas de gestão (ERPs, TMS, WMS e demais plataformas). Cada sistema tem sua própria lógica, banco de dados e estrutura de informações.
Sem padrões como PROCEDA e OCOREN, seria necessário construir integrações exclusivas e personalizadas para cada transportadora e cada cliente. Isso significa que, a cada novo parceiro logístico, a empresa teria que investir tempo e recursos para criar uma interface que “traduzisse” as informações corretamente. Imagine uma indústria que trabalha com 10 transportadoras diferentes: se cada uma utilizasse formatos próprios de dados, seriam necessárias 10 integrações distintas, cada uma com manutenção contínua sempre que houvesse alteração.
Ao adotar padrões sugeridos como PROCEDA e OCOREN, o processo se torna escalável: basta uma integração única com base nesse formato, e a empresa consegue se conectar a qualquer transportadora que siga o mesmo modelo.
📊 Contexto histórico e evolução
O PROCEDA começou a se consolidar no Brasil na década de 1990, quando o setor logístico enfrentava grandes desafios de integração tecnológica. Reportagens da época mostravam empresas gastando meses no desenvolvimento de interfaces personalizadas para cada transportadora. A criação de um padrão reduziu drasticamente esses custos e aumentou a velocidade de comunicação.
O OCOREN, por sua vez, ganhou relevância nos anos 2000, período em que o e-commerce começou a se expandir no país. Com o aumento do volume de entregas diretas ao consumidor, tornou-se essencial organizar os status de transporte de forma unificada.
Hoje, segundo a ABRALOG (Associação Brasileira de Logística), mais de 70% das grandes transportadoras utilizam códigos OCOREN para reportar eventos de transporte. Isso mostra que, embora não seja um padrão obrigatório, ele é amplamente aceito como uma boa prática que facilita a comunicação e gera valor para todos os envolvidos.
🧠 Reflexão final
O PROCEDA e o OCOREN são exemplos de como padrões sugeridos pelo mercado podem transformar a logística. Não são obrigatórios, mas a adesão voluntária ao longo dos anos mostrou o quanto facilitam a comunicação, reduzem custos e trazem transparência ao consumidor. No fim, fica uma provocação: se esses padrões já se provaram tão úteis, por que ainda existem empresas que insistem em manter formatos próprios, dificultando a integração e a comunicação?