A Black Friday é, para o varejo e para a logística, aquilo que uma final de campeonato representa para um time que precisa vencer: intensa, imprevisível e extremamente exigente. Nos últimos anos o volume de pedidos disparou, e só em 2024 o movimento cresceu cerca de 194% em comparação a dias normais. Em 2025, a expectativa foi ainda maior graças ao avanço do e-commerce, das compras por impulso e da digitalização acelerada.
Quando as vendas explodem, tudo ao redor precisa acompanhar no mesmo ritmo. Centros de distribuição lotam, transportes chegam ao limite, sistemas sofrem com o aumento absurdo de acessos e qualquer etapa pode virar um gargalo. Diante desse cenário, surge a grande pergunta: como entregar tudo sem perder o fôlego no meio do caminho?
Preparar é tão importante quanto vender
Muita gente associa Black Friday apenas às promoções, às campanhas agressivas e ao frenesi do consumidor, mas o que acontece nos bastidores é o que realmente define se a operação vai funcionar ou não. As empresas que se destacam começam muito antes do dia do evento. Elas reforçam estoques, reorganizam o armazém, redesenham fluxos internos e posicionam produtos mais perto das regiões onde a demanda é maior. Quando essa preparação não acontece, o efeito dominó é inevitável, e é aí que a separação demora, as caixas se acumulam, os erros aumentam e os atrasos aparecem. No fim, isso vira frustração para o cliente e prejuízo para o negócio.
Organizar o estoque é só o começo. Quando os pedidos começam a entrar em ritmo acelerado, a tecnologia vira peça-chave e sistemas de gerenciamento de armazém, os famosos WMS, ajudam a separar, embalar, registrar fotos e criar rastreabilidade. E isso faz muita diferença porque durante a Black Friday qualquer erro simples pode virar uma bola de neve. Se normalmente cinco pedidos saem errados, no pico eles viram cinquenta.
A automação ajuda o time a ganhar tempo, reduz falhas e permite que tudo flua melhor em momentos de pressão, mas a operação não termina na saída do armazém. Depender de uma única transportadora é arriscado porque, se ela travar, a empresa inteira trava junto. Por isso, diversificar parceiros é quase obrigatório. Também é essencial reforçar a última milha, que é a parte mais sensível da entrega: trânsito, endereço errado, cliente ausente, tudo isso tem potencial de atrasar dezenas de pedidos.
O dia seguinte
Se a Black Friday é intensa, o pós-Black Friday é aquele momento de arrumar a casa depois da festa. E, diferente do que muita gente imagina, não existe “voltar ao normal” imediatamente. O impacto continua por semanas no armazém, no transporte e no atendimento ao cliente. A operação precisa reorganizar áreas, reabastecer estoques, corrigir erros e revisar rupturas. É comum que produtos fiquem em posições erradas e que inventários precisem ser refeitos. Se esse acerto não acontece logo, a operação passa o resto do mês apagando incêndios. Pequenos problemas se acumulam e se tornam cada vez mais difíceis de resolver, principalmente quando o fluxo volta ao padrão normal.
As devoluções também aumentam depois da Black Friday. Tem quem compre por impulso, quem erre tamanho ou quem apenas mude de ideia. Quando esses itens retornam, a logística reversa vira protagonista. Se o fluxo for lento, o armazém entope, o espaço some e a operação perde eficiência. Além disso, cada devolução tem custo, exige conferência e pode comprometer o inventário.
No transporte, a situação não é muito diferente. Mesmo após o pico, muitas transportadoras continuam operando no limite, já que com os atrasos e reentregas, rotas precisam ser refeitas e a empresa precisa acompanhar tudo de perto para evitar que o acúmulo vire um problema permanente.
Para refletir: como está sendo o seu pós-Black Friday?
O pós-Black Friday é a verdadeira prova de maturidade logística que exige ajustes rápidos, análise de dados, reorganização e atenção total aos pontos críticos. As empresas que dão ao pós evento a mesma importância que deram ao pré evento recuperam a estabilidade muito mais rápido e se preparam melhor para o próximo ciclo de alta demanda; já as que relaxam depois do pico costumam conviver com semanas de desorganização, custos extras e perda de produtividade.
No fim das contas, a Black Friday não termina quando o último pedido sai do armazém, mas quando a operação volta a respirar sem susto. E isso só acontece quando todo o processo, do preparo à entrega final, é pensado com antecedência, inteligência e muito senso de realidade.





