#38: Quando a UPS optou por virar somente à direita

No mundo dinâmico da logística, a UPS surpreendeu o mundo ao tomar uma decisão incomum e radical: todos os veículos da frota da UPS nos Estados Unidos deveriam virar apenas à direita. Essa mudança tornou-se um grande exemplo de inovação no setor e mostrou que pensar “fora da curva” pode levar a soluções surpreendentemente eficazes.

A empresa

A United Parcel Service Inc., mais conhecida como UPS, é uma das maiores e mais reconhecidas empresas de entrega e logística do mundo. Atualmente, possui mais de 400 mil funcionários em todo o mundo e uma frota que ultrapassa os 120 mil veículos, além de aproximadamente 100 aeronaves cargueiras.

Sua história remonta a 1907, quando James E. Casey e Claude Ryan fundaram a American Messenger Company em Seattle, nos Estados Unidos. Inicialmente, a empresa focava em mensageiros que entregavam pacotes e mensagens para lojas locais, até que em 1913, a American Messenger Company se fundiu com a rival Merchants Parcel Delivery, resultando na criação da United Parcel Service. A partir daí, a UPS começou a inovar em suas operações ao introduzir o serviço de entrega aérea em 1929 e durante a década de 1970 tornou-se internacional, oferecendo serviços de entrega expressa em diversos países. Mais recentemente, a UPS enfrentou o desafio do aumento do e-commerce e precisou expandir seus serviços para lidar com o crescente volume de entregas online.

Por que virar somente à direita?

No início dos anos 2000, a UPS começou a estudar padrões de tráfego e rotas para otimizar suas operações. Um estudo interno revelou que, nos Estados Unidos, fazer conversões à direita era mais eficiente do que à esquerda. A decisão da UPS baseou-se em uma lógica simples, mas impactante: quando os motoristas evitam virar à esquerda, a escolha não é pelo caminho mais curto, mas pelo caminho mais eficiente, pois nesse processo os motoristas reduzem o tempo de espera em semáforos e cruzamentos. Além disso, como os veículos passam mais tempo em movimento, a diminuição na quantidade de paradas e arrancadas reduz consideravelmente o gasto com combustível, e mesmo que o veículo ande um pouco mais procurando uma opção de conversão à direita, o tempo total de rota não é afetado de maneira significativa porque o veículo mantém uma velocidade média mais alta do que quando realiza diversas paradas nos cruzamentos aguardando uma oportunidade para virar à esquerda.

Esse projeto foi respaldado por estudos matemáticos e algoritmos avançados foram desenvolvidos para calcular as rotas mais eficientes que levavam em consideração não apenas a distância, mas também os padrões de tráfego em diferentes horários do dia. Um teste realizado pelo programa “Caçadores de Mitos”, do Discovery Channel, confirmou que a prática de evitar virar à esquerda realmente economizava combustível: comparando dois veículos com o mesmo número de entregas, o que evitou virar à esquerda consumiu menos gasolina, embora tenha levado um pouco mais de tempo e percorrido uma distância um pouco maior.

Naturalmente, esse projeto gerou uma série de reações e críticas: enquanto alguns elogiavam a empresa por sua inovação, outros questionavam a viabilidade dessa estratégia em áreas urbanas densamente povoadas. Em resposta, a UPS informou que o projeto obteve o êxito esperado e como parte da evolução do modelo, passaria a realizar adaptações da abordagem conforme necessário, considerando a natureza variada das rotas de entrega. Mesmo assim, a decisão da UPS influenciou diretamente outras empresas de logística, que começaram a considerar as oportunidades destacadas neste projeto em suas estratégias operacionais.

A UPS é uma das maiores empresas de logística do mundo, distribuindo diariamente mais de 14 milhões de encomendas em mais de 200 países.

A história da UPS decidir fazer todas as curvas para a direita é um testemunho da inovação no mundo da logística, e essa decisão mostrou como uma abordagem científica e calculada pode revolucionar operações aparentemente mundanas. O impacto da virada à direita da UPS transcendeu as fronteiras da empresa, tornando-se uma grande lição para o setor logístico e destacando que inovações simples podem ter implicações profundas.

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