A jornada dos combustíveis desde as refinarias até os veículos que percorrem nossas estradas é marcada por uma série de etapas críticas, onde a segurança e a eficiência são de suma importância. Neste artigo, vamos explorar as principais características desse tipo de operação, suas normas e requisitos que garantem o sucesso operacional.
O processo começa com a saída dos combustíveis das refinarias. No Brasil, a diversidade geográfica e a infraestrutura disponível determinam o método de transporte, sendo o mais comum a utilização de caminhões-tanque; oleodutos, hidrovias e ferrovias complementam o sistema. Os caminhões-tanque, projetados especificamente para transportar líquidos inflamáveis, como gasolina, diesel, etanol e biodiesel, devem cumprir rigorosas normas técnicas e são equipados com compartimentos de tanque reforçados, sistemas de contenção de vazamentos e mecanismos de proteção contra explosões.

A legislação brasileira, através da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), estabelece padrões para a construção e manutenção desses veículos, assegurando que eles estejam aptos para operar. As principais certificações exigidas nesse tipo de operação são o Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos (CIPP) e o Certificado de Inspeção Veicular (CIV). Esses documentos atestam a conformidade dos caminhões-tanque com as normas de segurança e garantem que os veículos estão equipados e mantidos adequadamente para transportar combustíveis.
O Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos (CIPP) é um documento que atesta se o equipamento utilizado para o transporte de produtos perigosos, como tanques e contêineres, está em condições adequadas segundo as exigências legais. Já o Certificado de Inspeção Veicular (CIV) é um certificado obrigatório que confirma a conformidade dos veículos utilizados para o transporte de produtos perigosos a granel com relação às exigências da legislação.
Além das certificações, os veículos devem exibir sinalização especial que identifica o transporte de produtos perigosos, o que inclui placas de risco informando sobre a natureza do produto transportado e painéis de segurança que fornecem informações adicionais, como o número de risco e o número da ONU do produto. O número de risco é uma identificação numérica que indica o tipo e a intensidade do risco associado ao transporte de produtos perigosos. Este número é composto por dois ou três algarismos, onde a importância do risco é registrada da esquerda para a direita. Por exemplo, um número de risco que começa com “3” indica que o produto é um líquido inflamável, e números adicionais fornecem informações sobre riscos secundários.
A sinalização com o número de risco é complementar ao número da ONU, que é um código de quatro dígitos atribuído pela Organização das Nações Unidas para identificar produtos químicos e substâncias perigosas. Esse código tem como objetivo facilitar o transporte seguro, o manuseio e o cumprimento das regulamentações internacionais relacionadas a cargas que oferecem riscos à vida e ao meio ambiente. Os produtos são classificados em nove categorias principais, que incluem explosivos, gases, líquidos inflamáveis, sólidos inflamáveis, substâncias oxidantes, substâncias tóxicas e infecciosas, materiais radioativos, substâncias corrosivas e outros riscos diversos; cada categoria pode ter subclasses, dependendo da natureza específica do risco que o produto apresenta. Como exemplo, podemos citar o número ONU 1203, que é utilizado para identificar gasolina, um líquido inflamável comum. A identificação padronizada é essencial para a comunicação eficiente dos riscos envolvidos, tanto para os profissionais que trabalham no transporte da carga quanto para as autoridades reguladoras. A lista completa com os números de risco e números ONU está disponível aqui.

Ao chegar aos locais de abastecimento, os combustíveis são transferidos para tanques de armazenamento, seguindo procedimentos que evitam contaminações e preservam a qualidade do produto. Os postos de abastecimento são o último elo dessa cadeia, e cada etapa é cuidadosamente controlada para evitar contaminações e garantir que o produto final chegue ao consumidor em condições ideais. Este ciclo meticuloso de transporte e armazenamento não apenas protege a qualidade dos combustíveis, mas também sustenta a confiança e a segurança que a sociedade deposita em todo o setor.