#104: Como uma equipe de Fórmula 1 inspirou um novo visual para a DHL

A DHL, uma das maiores empresas de logística do mundo, é imediatamente reconhecida por sua icônica combinação de amarelo vibrante com vermelho, mas o que pouca gente sabe é que essa escolha de cores não partiu diretamente da DHL, mas de uma equipe da Fórmula 1. Neste artigo, vamos detalhar essa curiosidade e como a ousadia e a visão de um empresário transformaram um simples patrocínio em um legado duradouro, colorindo estradas e céus ao redor do planeta.

Um pouco de história

Em 1969, três amigos, Adrian Dalsey, Larry Hillblom e Robert Lynn, tiveram a ideia de entregar documentos através de voos regulares entre San Francisco, na Califórnia, e Honolulu, no Havaí. Assim nasceu a DHL (sigla formada pelas iniciais do sobrenome de cada um), uma empresa que, com o passar dos anos, revolucionou a forma como a logística funciona no mundo e veio a se tornar uma gigante do setor, atualmente presente em mais de 200 países com uma frota de mais de 76 mil veículos e aproximadamente 400 aviões.

Algumas décadas mais tarde, um irlandês chamado Eddie Jordan montava em 1991 sua própria equipe de Fórmula 1, após obter certo sucesso em outras categorias do automobilismo. A Jordan Grand Prix era uma pequena equipe de corrida em um grid cheio de gigantes, mas tinha muita garra, criatividade e um talento especial/sorte para descobrir novos pilotos, como Michael Schumacher (que fez a sua estreia na categoria porque o piloto titular da equipe, o belga Bertrand Gachot, foi preso por brigar com um taxista) e Rubens Barrichello (com seu inesquecível patrocínio da Arisco).

A parceria que mudou tudo

Nos anos 80 e 90, era comum que as equipes de Fórmula 1 adotassem as cores do seu patrocinador principal, o que gerava lindas e memoráveis pinturas para os aficionados em corrida (como a pintura em vermelho e branco da Marlboro ou o preto e dourado da John Player Special, ambas eternizadas com Senna), mas na maioria das vezes não criava uma identidade marcante para a equipe, pois a cada novo negócio uma nova combinação de cores surgia – e no caso das equipes pequenas, como a Jordan, geralmente essas mudanças aconteciam todos os anos. Em 1997, Jordan decidiu que a sua equipe precisava de uma cor própria que chamasse a atenção nas pistas e, claro, na transmissão pela TV, para criar esta identidade com o torcedor, algo que qualquer um pudesse olhar e dizer “aquele é o carro da Jordan!”, assim como acontece com o vermelho da Ferrari, e nesse processo o amarelo foi o escolhido. Essa cor, representando a energia e otimismo da equipe, se tornaria a marca registrada da Jordan dali em diante e até hoje é reconhecida pelos fãs do esporte.

Em 2002, a DHL e a Jordan Grand Prix se uniram em uma parceria de patrocínio. Inicialmente, a DHL usaria as suas cores, uma combinação de branco com bordô, onde a marca fosse estampada (e quem sabe, até mesmo no carro todo), mas Eddie Jordan, com sua visão de empresário, sabia que mudar do amarelo vibrante para um tom mais discreto não era uma boa ideia, e criou uma narrativa onde ele e a sua equipe poderiam dar ainda mais destaque à marca DHL mantendo o carro amarelo (mais destaque = mais visibilidade para o patrocinador = mais dinheiro para a equipe = mais recursos para construir carros melhores), e como excelente negociador que era, levou essa visão que unia marketing e desempenho esportivo ao encontro da diretoria da DHL.

A DHL, até então, possuía uma combinação de cores em branco e bordô, bem mais discreta que a versão atual.

Alguns dizem que Eddie adotou essa estratégia porque não queria perder a “reputação” do amarelo já conquistada até ali, especialmente quando olhamos para as temporadas de 1998 e 1999, o melhor período da equipe na Fórmula 1, onde conquistou 3 vitórias (uma em 1998 e duas em 1999) e disputou com um de seus pilotos o título de 1999 até as últimas corridas; outra versão, geralmente mais aceita, diz que a imposição do amarelo tinha muito mais a ver com as limitações financeiras da equipe, pois criar combinações com outras cores faria a equipe gastar mais tempo e dinheiro em design e pintura, e dinheiro não era algo que a equipe tinha de sobra. Seja qual foi o verdadeiro motivo, o fato é que a diretoria da DHL comprou a ideia e colocou o seu patrocínio sobre um fundo totalmente amarelo, além de adaptar o bordô, mais escuro, para o vermelho. A grande surpresa viria na sequência: essa combinação, pouco tempo depois, seria expandida para toda a empresa – algo que podemos chamar de uma reestilização não programada, mas que funcionou muito bem.

Carro da equipe Jordan em 2002, ostentando o seu tradicional amarelo e a aplicação do patrocínio da DHL que causaria uma enorme reestilização da marca alemã.

O resultado desta negociação trouxe benefícios para ambos: a equipe Jordan, ao defender a proeminência do amarelo, não apenas buscava otimizar a exposição da marca patrocinadora, mas também agregar valor à sua própria imagem no competitivo mundo da Fórmula 1 enquanto, em segundo plano, administrava com maestria seus recursos limitados; a DHL, por sua vez, reconheceu a oportunidade de consolidar sua identidade visual e fortalecer seu reconhecimento global associando-se a um esporte de grande visibilidade, e aproveitou a nova combinação de cores para se destacar em meio às outras empresas do segmento.

A parceria entre a Jordan e a DHL durou apenas um ano, mas foi tempo suficiente para causar uma grande revolução na marca e abriu as portas para o começo de uma relação mais ampla com a Fórmula 1. Desde 2004, a empresa é a parceira oficial de logística da Fórmula 1, responsável pelo transporte global de equipamentos, carros e infraestrutura para todas as corridas do campeonato.

A DHL é a parceira oficial de logística da Fórmula 1 desde 2004, reforçando a sua excelência e qualidade ao atender a maior categoria do automobilismo mundial.

A Jordan Grand Prix deixou as pistas em 2005, mas seu legado continua vivo nas estradas e aeroportos do mundo todo. A DHL, com seu amarelo vibrante, se tornou sinônimo de rapidez, eficiência e presença global, mostrando que a ousadia e a visão de uma pequena equipe de corrida podem influenciar até mesmo uma gigante da logística.

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