#106: A logística por trás das compras online

Você faz um pedido num clique. Recebe o código de rastreio. Em poucos dias – às vezes em poucas horas – o pacote chega na sua porta. Simples, né? Mas por trás dessa “mágica” chamada e-commerce, existe uma engrenagem complexa que garante que o produto certo chegue no endereço certo, no prazo certo. Neste artigo, vamos descomplicar esse processo todo, mostrando como funciona a logística por trás das compras online. Bora entender o que acontece entre o clique no botão e a campainha tocando?

📦 A vitrine é digital, mas o trabalho é real

Ao contrário do que muitos pensam, uma loja online não é “só” um site bonito com fotos de produtos. Ela precisa de estrutura física – galpões, centros de distribuição, operadores logísticos – para garantir que o pedido saia do estoque e chegue até o consumidor final, e isso envolve uma cadeia de etapas que se interligam: recebimento de pedidos, separação (o famoso picking), embalagem, emissão de nota fiscal, expedição e transporte.

Por exemplo: quando você compra uma escova de dentes numa farmácia online, aquele item já estava armazenado em algum centro de distribuição. Assim que o pedido é confirmado, o sistema separa a compra, atualiza o estoque, embala o produto, emite os documentos fiscais e agenda a coleta com o transportador. Tudo isso pode acontecer em questão de minutos – ou até segundos – dependendo do nível de automação da operação. E esse processo precisa ser rápido, preciso e econômico, ou a empresa perde dinheiro e cliente.

🔄 O caminho do pedido: do clique ao recebimento

Vamos imaginar que você comprou um tênis numa loja virtual às 21h de um domingo. O sistema de e-commerce já registrou sua compra automaticamente. Se o estoque estiver no mesmo estado, é possível que já na manhã de segunda-feira ele esteja sendo separado e embalado. Se estiver num centro de distribuição longe, o produto pode viajar por mais de um modal até chegar até você.

A jornada do produto pode incluir trechos aéreos, interestaduais, armazenagem temporária em hubs logísticos e até um “mini-hub” próximo da sua casa, onde a entrega é finalizada por um entregador parceiro. Isso tudo é chamado de logística integrada, onde diferentes etapas e operadores se conectam num ecossistema de alta exigência. Afinal, no e-commerce, o cliente não vê a loja física – ele julga a experiência pela entrega.

O seu produto viaja um longo percurso desde o pedido até chegar na sua casa – Foto: Amazon/Reprodução

📈 O boom do e-commerce e os desafios da logística

De 2020 pra cá, o e-commerce no Brasil deu um salto gigante. Impulsionado pela pandemia e pelo crescimento do consumo digital, o setor registrou mais de 360 milhões de pedidos em 2023, segundo a ABComm. O ticket médio também aumentou, e categorias como alimentos, cosméticos e eletrônicos ganharam força.

Mas esse crescimento trouxe desafios. Com mais vendas, vieram também mais reclamações relacionadas a atrasos, entregas erradas e extravios. E por trás de boa parte desses problemas está a logística. Empresas que não se prepararam para escalar suas operações sofreram com gargalos: falta de estrutura, estoque desorganizado, falhas no rastreamento e transportadoras sobrecarregadas.

Por isso, grandes players começaram a investir em seus próprios sistemas logísticos, como fez a Amazon com seus centros de distribuição e frotas dedicadas. Outros passaram a adotar o modelo de fulfillment ou a usar tecnologias como WMS (sistemas de gestão de armazéns) e roteirizadores inteligentes que otimizam o caminho das entregas e evitam desperdícios.

🚀 E onde entra o “frete grátis”?

Você já parou pra pensar por que algumas lojas oferecem frete grátis e outras cobram valores altíssimos? Essa decisão está diretamente ligada à logística. O frete representa um dos maiores custos do e-commerce – especialmente no Brasil, onde as distâncias são longas e a malha rodoviária é irregular.

Empresas que têm centros de distribuição próximos aos grandes centros urbanos conseguem entregar com mais agilidade e menos custo. Outras apostam em redes de parceiros locais ou pontos de retirada (os chamados lockers). O frete grátis, muitas vezes, não é exatamente “grátis”: o valor pode estar embutido no preço do produto ou ser subsidiado pela loja como estratégia de fidelização.

Ah, e tem mais: a inteligência logística ajuda a calcular o frete ideal para cada região, entendendo onde é mais vantajoso oferecer isenção e onde é preciso cobrar. Por isso, dois clientes comprando o mesmo produto podem pagar fretes bem diferentes, dependendo de onde moram.

🧠 Você sabia?

  • Segundo um estudo da Nielsen, cerca de 60% dos clientes de e-commerce desistem da compra se o frete for considerado caro ou demorado, ou seja, uma logística ruim não só atrasa entrega: ela mata vendas.
  • Muitas pequenas empresas estão aderindo a marketplaces como forma de terceirizar toda a parte logística, vendendo seus produtos por meio de plataformas que já têm estrutura montada.

🧐 Bora refletir?

Na próxima vez que você fizer uma compra online, tente pensar em tudo que acontece por trás da tela. Será que esse produto está vindo de um estoque local? Quantos quilômetros ele vai percorrer? E se houver um atraso, será que a culpa é da loja ou de algum ponto da logística? Entender esses bastidores nos ajuda a ser consumidores mais conscientes – e também a valorizar o trabalho de quem está nos bastidores da nossa vida digital, porque no fim do dia, a logística do e-commerce não é só sobre entregar produtos: é sobre entregar experiências.

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