#131: O que faz um projeto logístico dar certo (e o que não faz)?

Desenvolver e implementar projetos logísticos envolve estratégia, pessoas, processos e, principalmente, uma boa dose de visão de futuro. Toda empresa, seja grande ou pequena, depende da logística para funcionar. Quando você compra online e recebe o pedido no mesmo dia, não é apenas sorte: é planejamento de estoque, rotas e integração tecnológica funcionando de maneira orquestrada.

Projetos logísticos surgem exatamente para resolver problemas e criar vantagens competitivas. Eles podem ser simples, como redesenhar a jornada de entregas de uma cidade, ou complexos, como construir um novo centro de distribuição para atender todo o Brasil.

🚛 Quando a logística virou projeto?

Se voltarmos um pouco no tempo, percebemos que a logística começou a ser vista como “projeto” durante a Segunda Guerra Mundial. Naquele período, a capacidade de mover tropas, suprimentos e equipamentos com eficiência foi considerada um dos fatores decisivos para a vitória. Segundo o historiador Martin van Creveld, “a guerra foi vencida não apenas no campo de batalha, mas também nos armazéns e nas estradas”.

Avançando algumas décadas, já nos anos 1990, empresas como o Walmart começaram a usar projetos logísticos estruturados para reduzir custos e ganhar eficiência. Uma reportagem da Harvard Business Review mostrou que o investimento da rede em sistemas de gestão de estoque e centros de distribuição regionalizados foi um dos maiores diferenciais para seu crescimento global.

Hoje, com a digitalização e a pressão do e-commerce, projetos logísticos são ainda mais vitais. A pandemia de 2020 trouxe um exemplo claro da importância de projetos logísticos bem estruturados. Muitas empresas de e-commerce que já haviam investido em sistemas de gestão de entregas e automatização conseguiram atender à explosão da demanda, mas outras, que estavam despreparadas, enfrentaram atrasos, perdas de clientes e até fecharam as portas. Relatórios da época mostraram que o setor de logística no Brasil cresceu quase 40% em volume de entregas em 2020, e quem tinha planejamento estruturado saiu na frente.

📌 Cada projeto é único, mas o controle é indispensável

É importante lembrar que não existe uma fórmula única para todos os projetos logísticos. Cada empresa tem suas particularidades, cada mercado apresenta desafios diferentes e cada operação tem limitações próprias, o que significa que a estrutura de um projeto pode variar bastante e alguns projetos serão curtos e focados, enquanto outros serão complexos e longos. O que não muda é a necessidade de manter controle sobre processos, prazos e impactos. Sem essa disciplina, até mesmo o melhor projeto pode perder o rumo e gerar mais problemas do que soluções. Por isso, ter clareza do que será implementado, em quanto tempo e de que forma os resultados serão medidos é o que garante a solidez da execução.

Quer um exemplo? Imagine que sua empresa decidiu implementar um novo sistema de gestão de entregas para otimizar rotas e reduzir atrasos. A partir desse caso, vamos percorrer cada etapa de desenvolvimento do projeto, entendendo os pontos críticos e como cada fase se conecta ao sucesso final.

🔎 1. Diagnóstico da situação atual

Nenhum projeto começa sem olhar para a realidade. É como arrumar a casa antes de receber visitas: você precisa saber onde estão os pontos de bagunça. No caso do nosso exemplo, a empresa percebeu que os motoristas estavam gastando muito tempo em deslocamentos desnecessários, as rotas eram planejadas manualmente e os clientes frequentemente reclamavam de atrasos. O diagnóstico é essa fotografia clara do que está funcionando e, principalmente, do que não está. É nessa etapa que se levantam dados de tempo de entrega, custos de entrega e satisfação do cliente. Sem esse retrato inicial, qualquer mudança seria como dirigir de olhos vendados.

🎯 2. Definição de objetivos e metas

Agora que você já sabe onde dói, precisa decidir para onde quer ir. Com o projeto, o objetivo principal era reduzir em 20% o tempo médio das entregas, diminuir o custo com entregas em 15% e melhorar a nota do NPS em 10%, todos em um prazo de até seis meses. Note que não se trata de frases vagas como “melhorar a operação”. Metas claras são como o Waze: elas não eliminam o trânsito, mas mostram o melhor caminho para chegar ao destino. Quanto mais mensuráveis, melhor.

📝 3. Planejamento detalhado

Com os objetivos em mãos, entra a fase do “como fazer”. Aqui se definem os recursos necessários (financeiros, humanos e tecnológicos), os responsáveis por cada ação e o cronograma. Voltando ao exemplo, a empresa desenhou um plano que envolvia a aquisição de uma licença do software, o treinamento dos analistas, motoristas e supervisores, e integração do sistema com o ERP já existente. O planejamento também incluiu a previsão de possíveis obstáculos: resistência dos motoristas, ajustes nos processos e a criação de uma central de monitoramento das entregas. Essa etapa é o mapa do tesouro do projeto: quanto mais detalhado, menos chance de se perder no meio do caminho.

⚙️ 4. Execução do projeto

É a hora da verdade: colocar o plano em prática. No caso da implementação do novo sistema, isso significou mapear todos os pontos críticos e definir as ações para correção de cada um deles, coletar dados operacionais para configurar e calibrar o software, capacitar a equipe e iniciar os primeiros testes em campo. Aqui aparecem os imprevistos: motoristas que preferem o “jeito antigo”, erros no cadastro de clientes, processos que não foram mapeados porque ninguém contou que eles existiam… e está tudo bem, nenhum projeto nasce perfeito. O segredo está em acompanhar de perto, ouvir os envolvidos e corrigir o que for necessário o mais rápido possível. Vale ressaltar que essa etapa geralmente acontece ainda sem a integração entre sistemas, pois o bom e velho Excel é mais dinâmico para realizar ajustes mais rapidamente. Com essa abordagem, é possível ver o que funciona, corrigir o que não funciona, e só partir para o desenvolvimento quando tudo já estiver bem mapeado, reduzindo os custos e tempo de integração.

📊 5. Monitoramento e avaliação de resultados

De nada adianta implementar sem medir. É nessa fase que se comparam os números atuais com os levantados no diagnóstico. No nosso exemplo, os relatórios do sistema mostraram uma redução de 18% no tempo de entregas nos primeiros três meses e uma queda de 12% nos custos de entrega. Ainda não era a meta completa, mas já mostrava avanço significativo. Além disso, as reclamações dos clientes com problemas nas entregas diminuíram em 30% nesse período, o que refletiu diretamente no NPS. Monitorar é checar constantemente se as escolhas estão levando você para o objetivo.

🔄 6. Ajustes e melhorias contínuas

Projetos não terminam quando a meta inicial é alcançada. Pelo contrário, essa é a fase em que se ajustam processos para manter os ganhos ou até ampliá-los. No exemplo, a empresa percebeu que algumas regiões ainda tinham gargalos específicos e adequou as configurações e processos dessas regiões para melhorar a performance. Além disso, abriu espaço para sugestões dos motoristas, que apontaram soluções práticas e que geralmente não eram percebidas pela equipe no escritório. Esse ciclo de melhorias é o que diferencia um projeto que gera impacto passageiro de outro que realmente transforma a operação.

💡 Reflexão final

No fim das contas, o que faz um projeto logístico dar certo não é apenas a tecnologia usada, o tamanho do investimento ou a pressa em entregar resultados. O segredo está em seguir cada etapa com disciplina, manter clareza sobre prazos e responsabilidades e não ter medo de ajustar a rota quando necessário. Projetos bem-sucedidos são aqueles que conseguem equilibrar planejamento com flexibilidade, resultados com aprendizado, e que envolvem as pessoas certas desde o início. Afinal, não é a velocidade que garante a chegada, mas sim a capacidade de se manter no caminho certo até o fim.

E se, mesmo após seguir essas etapas, você ainda tiver dúvidas sobre como criar ou implementar seus projetos logísticos, não se preocupe! No Logistiquês, contamos com uma equipe de consultoria especializada, pronta para orientar sua empresa e ajudar a transformar ideias em resultados concretos. Nosso objetivo é apoiar cada passo do projeto, oferecendo suporte prático para que suas iniciativas sejam executadas de forma eficiente e com resultados reais. Conte conosco para transformar ideias em operações sólidas, reduzindo riscos e potencializando o desempenho da sua logística.

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