#84: Fornecimento de energia elétrica

As empresas que fornecem energia elétrica possuem grandes atribuições operacionais, tanto no dia a dia quanto em momentos de crise, como em casos de catástrofes naturais. Neste artigo, vamos explorar como essas operações funcionam e quais são os principais desafios enfrentados diariamente.

Como trabalham as equipes de campo

As equipes de campo são responsáveis por executar os reparos e garantir que a energia seja restabelecida de forma segura e eficiente. O trabalho dessas equipes é muito bem organizado e envolve diferentes etapas.

Primeiro, a cidade e a região metropolitana são divididas em áreas de cobertura, e cada equipe é responsável por uma dessas áreas. Isso faz com que as equipes já conheçam bem a região em que atuam, incluindo a localização de transformadores, subestações e possíveis pontos críticos, facilitando o atendimento rápido e eficiente.

Essas equipes são móveis, o que significa que estão sempre em movimento para atender diferentes chamados, e dependendo da gravidade do problema, elas podem trabalhar em conjunto. Se um poste cai, por exemplo, uma equipe pode ir primeiro ao local para avaliar os danos, enquanto outra equipe, com equipamentos mais pesados pode ser enviada posteriormente para realizar o reparo.

Os veículos das equipes são equipados com ferramentas especializadas, como alicates de alta tensão, guinchos e dispositivos de medição. Além disso, as equipes utilizam equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas, capacetes e roupas isolantes, que garantem a segurança dos técnicos durante os reparos.

Durante todo o processo, as equipes mantêm contato constante com o centro de operações, seja por rádio ou celular, permitindo que as ações sejam realizadas de maneira eficiente, agilizando o atendimento e reduzindo o tempo necessário para restabelecer a energia.

As equipes de campo são responsáveis pela manutenção da infraestrutura elétrica – Foto: Enel (Divulgação)

Classificação dos atendimentos

Quando ocorre uma queda de energia, o processo de atendimento segue várias etapas para garantir que o problema seja resolvido da forma mais rápida e eficiente possível. A primeira etapa é o recebimento do chamado: assim que um cliente percebe a falta de energia, ele entra em contato com a empresa, seja por telefone, aplicativo ou até pelas redes sociais. O chamado é registrado no sistema da concessionária, que identifica a localização e a possível causa do problema. Muitas vezes, os sistemas de monitoramento da empresa já detectam automaticamente quedas de energia em grande escala, acionando as equipes antes mesmo de os clientes fazerem o contato.

Em seguida, o problema é classificado. Se for algo simples, como um disjuntor desarmado ou um fio rompido em uma rua, a solução é rápida. No entanto, se o problema for maior, como uma subestação afetada ou uma queda de energia em várias áreas, o centro de controle aciona múltiplas equipes e prioriza os atendimentos, com foco em locais essenciais, como hospitais.

As equipes então são deslocadas para o local do problema. O sistema envia a equipe mais próxima, com o veículo adequado para o tipo de serviço necessário. Se for algo mais complexo, várias equipes podem ser enviadas para trabalhar juntas e resolver o problema mais rapidamente.

Ao chegar ao local, a equipe faz uma avaliação inicial e, em seguida, inicia os reparos. Após o conserto, a energia é testada para garantir que o fornecimento foi restabelecido com segurança. Os técnicos então informam o centro de operações, que monitora se a energia foi restabelecida corretamente.

O centro de operações é responsável por manter a comunicação com as equipes de campo e classificar os chamados recebidos de acordo com a sua criticidade – Foto: Enel (Divulgação)

Perfil da frota

As equipes de campo das empresas de energia elétrica utilizam diversos tipos de veículos para garantir que possam chegar aos locais necessários e realizar os reparos com eficiência. Cada tipo de veículo tem uma função específica para atender às diversas situações que podem ocorrer, especialmente em momentos de emergência.

Um dos principais veículos utilizados são os caminhões com cestas aéreas. Esses caminhões possuem um braço articulado que permite que os técnicos sejam elevados até o topo dos postes, onde realizam reparos em fios, transformadores e outros equipamentos. Esses caminhões são ideais para trabalhos em altura e, dependendo da área de atuação, podem variar em tamanho. Caminhões menores são mais ágeis no trânsito urbano, enquanto os maiores têm cestas mais altas e robustas, para trabalhos mais complexos.

Para manutenções mais simples e inspeções, as equipes utilizam veículos leves, que são menores e mais ágeis. Esses carros são perfeitos para áreas urbanas densamente povoadas, onde o trânsito e as ruas estreitas dificultam o acesso de veículos maiores. Devido à sua característica de atendimento, eles transportam menos equipamentos, já que não precisam lidar com reparos complexos.

Em casos extremos, quando hospitais ou serviços essenciais ficam sem energia por um longo período, as empresas de energia utilizam geradores móveis, transportados em carretas. Esses geradores fornecem energia temporária até que os problemas sejam resolvidos definitivamente.

Os veículos possuem características especiais de atendimento para cada tipo de ocorrência – Foto: Energisa (Divulgação)

Atuação em catástrofes

Quando ocorre uma catástrofe, como um temporal muito forte, as empresas têm um plano de ação chamado de “plano de contingência”. Antes de uma tempestade, as empresas monitoram as condições climáticas e já preparam suas equipes. Elas reforçam os turnos de trabalho e aumentam o número de técnicos disponíveis.

No momento em que o temporal chega, as equipes nos centros de controle fazem uma análise imediata da situação. Se uma árvore derruba fios ou postes, a energia daquela área é automaticamente desligada para evitar acidentes graves. As equipes de campo são então enviadas ao local para avaliar os danos e iniciar os reparos. Nesse tipo de cenário, há uma ordem de prioridades: locais essenciais como hospitais, postos de saúde, e sistemas de água são atendidos primeiro. Depois, as equipes começam a restabelecer a energia em áreas residenciais e comerciais.

O temporal que atingiu São Paulo recentemente causou grandes problemas no fornecimento de energia em várias regiões. Árvores caíram sobre fios, postes foram derrubados e diversas áreas ficaram sem eletricidade por longas horas. A Enel, que cuida da distribuição de energia na região, ativou seu plano de contingência e mobilizou diversas equipes para restabelecer o fornecimento o mais rápido possível – apesar de todo o esforço, muitas regiões ficaram sem energia por até 5 dias. Um dos maiores desafios foi acessar alguns pontos da cidade, onde ruas estavam bloqueadas por árvores caídas, o que fez com que algumas regiões demorassem mais para receber atendimento.

Árvores e fios caídos na região do Brooklin, em São Paulo, após a tempestade de 11/10/24 – Foto: Renato S. Cerqueira / Futura Press / Estadão Conteúdo

O trabalho das empresas de energia elétrica vai muito além de simplesmente garantir que a luz chegue até nossas casas. Em momentos críticos, como durante catástrofes naturais, a logística e a organização das equipes de campo são fundamentais para restabelecer o fornecimento com rapidez e segurança. A escolha adequada dos veículos, o planejamento das operações e a agilidade no atendimento mostram o quanto esse trabalho é estratégico e indispensável. Com uma estrutura bem coordenada, essas equipes conseguem enfrentar desafios inesperados e assegurar que, mesmo diante de grandes adversidades, a energia seja restabelecida o quanto antes.

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